quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Crônica




Os filmes "Tempos Modernos" e "O Nome da Rosa" são base para crônica com a temática: Arquitetura escolar, Período histórico e as Concepções de educação e de docência.

4 comentários:

kelser disse...

Por: Kelser de Souza Kock

“Retrospectiva histórica: A influência da Moral e do Capital na Educação”

“O homem é uma parte da natureza, não algo que contraste com ela. Seus pensamentos e movimentos corporais seguem as mesmas leis que descrevem os deslocamentos de estrelas e átomos [...]”. Assim, Bertrand Russel inicia seu livro intitulado “No que acredito” (1925). Percebe-se que o autor faz questão de começar sua narrativa comentando que o homem não está indissociado, muito menos é senhor da natureza, ele apenas é parte dela.
A partir daí, vários desmembramentos podem ser discutidos. Entre eles, a questão do papel do homem na natureza como apenas um animal racional que pensa e questiona. Com o desenvolvimento do pensamento, o homem passou a pensar sobre si mesmo, sobre sua condição de vida e sobre sua interação com a sociedade e com o mundo.
Olhando para o passado, vemos que a busca de uma melhor maneira de compreender essas questões tem transitado no contexto histórico da presença do homem na Terra. A tentativa de alcançar a verdade ou a essência das coisas é um projeto impossível que lançamos mão para, de certa maneira, vivermos melhor.
Nesse sentido, podemos exemplificar essa idéia através do livro e filme “O Nome da Rosa”, escrito por Humberto Eco (1980) e dirigido por Jean Jacques Annaud (1986). Esse romance trata da busca da verdade por um monge franciscano na época medieval onde o obscurantismo regido pelo teocentrismo e o dogmatismo religioso ofuscavam a realidade. A postura do monge representava o intelectual renascentista com visão humanista e racional que investigava através de um método dedutivo-lógico, os estranhos acontecimentos que aconteciam no mosteiro.
Essa história relata a influência do período histórico nos conceitos de certo e errado, bem e mal e valores morais, no caso, retratada como a moral cristã. Assim, como discutido anteriormente a verdade absoluta não existe, e, dependendo do momento histórico, alguns valores são mais corretos, ou melhor, conseguem descrever os fatos de uma maneira mais substancial e com isso, acabam perdurando e se valendo do seu poder de convencimento.
No final da Idade Média e início da era Moderna, a razão foi a mola propulsora da Ciência. O método científico passou a ser respeitado pelo seu rigor e capacidade de desvelamento da realidade. Contudo, existem críticas no que se refere ao método. Ao mesmo tempo, não há como negar que a ciência e a sociedade como um todo evoluíram muito depois dele. Mas, a maneira de compreender a realidade não é capaz de descrevê-la por completo.
O positivismo é a base da Ciência e suas características principais são o dogmatismo físico e o ceticismo metafísico. Através dessa premissa, nota-se a incapacidade do método em avaliar e detectar o contexto além do mundo físico. O filósofo Wittgenstein dizia que “Sobre o que não se pode falar, deve-se calar”. Esse foi um dos motivos, entre os adeptos da Teoria Crítica em comentar sobre as luzes e as sombras do Iluminismo.
Outro aspecto importante do mundo moderno e contemporâneo é a fragmentação da realidade. Em virtude da grande quantidade de conhecimentos e, aliada ao capitalismo, o mundo vem transformando seus cidadãos em especialistas. O papel do indivíduo moderno na sociedade se resume a uma pequena parcela de participação, o que acaba gerando o desconhecimento da função do todo.
Isso pode ser exemplificado pelo filme “Tempos Modernos” (1929), atuado e dirigido por Charles Chaplin. O filme faz uma crítica ao trabalho industrial, onde o funcionário desempenha apenas uma tarefa extremamente monótona e repetitiva que gera descontentamento e distúrbios cognitivos.
Assim, quando falamos na educação, podemos relacioná-la com todo o pano de fundo histórico e encontrar indícios do passado nos dias de hoje. A visão opressora da moral católica pode ser ilustrada pela rigidez do método educacional, ou do modelo escolar, ambos relacionados a um processo de vigia, punição e “adestramento”. Como diria Foucault em seu livro “Vigiar e Punir” (1975), a ortopedia moral como restritora da espontaneidade e da naturalidade dos acontecimentos.
Outro ponto importante da valorização dessa moral é o fato dos indivíduos que a seguem ferozmente, por acreditarem nela como a pura verdade, acabam repassando essa visão de mundo como correta e, muitas vezes, oprimindo aquele que a questiona. Esse papel é desempenhado na sociedade por vários indivíduos, como os políticos, os policiais, os médicos e, pasmem, pelos professores.
Com relação ao aspecto fragmentado da educação, este pode ser exemplificado pela grade curricular e pelas disciplinas isoladas em todo o processo de aprendizagem. A falta de integração e contextualização do conhecimento, forma indivíduos que contribuem para manutenção do status quo.
O modelo de utilitarismo gerado pelo capital, influenciou e influencia várias esferas da sociedade, inclusive a educação. Desse modo, percebe-se que os indivíduos, quando não estimulados a pensar criticamente, são facilmente imbuídos dessa retórica global e, nem ao menos notam que estão sendo conduzidos da mesma forma que as massas.
Assim, na verdade não há modelo ou padrão de escolha para uma educação ou uma vida exemplar. Gostaria de finalizar com a definição de Russel sobre uma vida virtuosa: “Vida virtuosa é aquela inspirada pelo amor e guiada pelo conhecimento”.
Em síntese, as nossas relações, o nosso trabalho, enfim, nossa postura perante a vida vai influenciar todas as nossas ações e, como educadores, nada melhor que o amor e o conhecimento como guia para o desenvolvimento de nossas capacidades e enfrentamento das adversidades que o mundo nos oferece.

Unknown disse...

ARQUITETURA ESCOLAR

Quando pensamos em escola, em prédio escolar logo nos vem a mente uma estrutura padronizada. Geralmente é um prédio em que as salas de aula estão sempre organizadas em um quadrado., levando inconscientemente a uma concepção de controle, de vigilância onde os alunos precisam estar atentos porque estão sempre sendo observados e controlados.
Difícil não vincular a função da escola e a sua arquitetura. A escola tem a função de transmitir conhecimento de uma forma hierárquica e controladora. Os professores são detentores do conhecimento e os alunos estão ali para aprender. Os gestores e o corpo administrativo tem como função manter este ambiente organizado e constantemente monitorado para que nada fuja do que está programado.
As carteiras em fila, um sinal sonoro estridente que divide as etapas do conhecimento, os portões e as portas que indicam a entrada e a saída separando a vida cotidiana do aluno do que ele veio buscar na escola que é o conhecimento.
Os espaços como laboratório, biblioteca, salas de artes são bem separadas das salas de aula, tornando-se coadjuvante do processo ensino aprendizagem, mesmo sabendo da sua importância para o crescimento dos alunos.
Mesmo com toda cultura enraizada no corpo da escola, desde gestores até comunidade escolar, algumas ainda conseguem se diferenciar nos seus espaços.
Algumas escolas podem atribuir a função da secretaria da escola, por exemplo como controladora de chegada de pessoas bem como de recepção para aqueles que buscam a escola.
Cabem a nós, educadores, nos questionarmos em nossas escolas se a arquitetura está colaborando ou não com o crescimento dos nossos alunos, não somente no que diz respeito ao conhecimento científico, mas também se esta arquitetura estará propiciando um crescimento enquanto cidadãos críticos, defensores de seus direitos e cumpridores de seus deveres.

PERÍODOS HISTÓRICOS

Com o surgimento do homem, as civilizações foram se formando e se organizando ao longo do tempo. Com isso, surgiu também a necessidade da criação de ambientes propícios a transmissão do conhecimento. Com o surgimento das cidades e da burguesia, a idéia de escola se tornou mais necessária para que a essa classe continuasse sua ascensão.
Podemos atribuir a existência da escola aos períodos históricos da humanidade.
1. Idade Média: (início do século VII ao fim do século XIV)
Neste período onde a Igreja era muito forte, a escola tinha como principal finalidade a transmissão da doutrina cristã. Os dogmas, os textos sagrados precisavam ser conhecidos porém, nunca questionados.

2. Período Clássico: (início século XV)
Esse período iniciou com a invenção da imprensa e encerrou-se com as revoluções.
A finalidade religiosa não desapareceu por completo, mas o foco passou a ser a socialização do indivíduo.
Os valores da sociedade eram a civilidade, a decência, a modernização, o trabalho, a adaptação social. Neste período a escola começou a ser definida como um espaço para educar crianças.
3. Período Tecnicista: (Início do século XVIII)
Neste período, a escola ficou voltada para a ciência e a técnica.
A escola passa a ter a finalidade de transmitir saberes técnicos e científicos, ou seja, a sociedade passou a ser vista como uma máquina, com suas peças e engrenagens perfeitas. Nesta visão, cada indivíduo precisava exercer seu papel com capacidade e destreza, senão a "máquina" não funcionava plenamente.
Com isso surgem os valores de uma sociedade capitalista.

Não podemos visualizar esses períodos de forma fechada, cada um no seu tempo. Pois, ao longo da história eles foram se misturando e ainda hoje estão vivos nas nossas escolas.

CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO E DOCÊNCIA

A educação possui várias concepções ao longo da história da humanidade. Ela pode ser controladora como libertadora. Ela pode tornar os indivíduos apenas seguidores de regras pré-estabelecidas, como também, sujeitos responsáveis e criadores de sua própria sociedade, que questionam e lutam por seus direitos.
O educador, o professor é responsável por uma dinâmica pedagógica que faça com que seu educando pense diferente.
O conhecimento que é acumulado e precisa ser transmitido pode ser trabalhado de formas diferentes pelo professor. Ele pode deixar de ser apenas um transmissor de conhecimento para ser um intermediador, um questionador que fará com que seus educandos se apropriem do conhecimento de forma consciente.

Unknown disse...

Por Fabrício:
Na idade média, as cidades cresciam aumentando as distâncias entre seus vários núcleos nascentes. Entre outros motivos, passou a ser mais conveniente, sobretudo para os mestres, ministrar seus cursos nas próprias hospedarias; afinal, os alunos estavam todos ali reunidos, o aluguel já estava pago e o mestre liberava um espaço em sua casa ou deixava de pagar aluguel por sua sala de aula. Aos poucos, salas independentes passaram a ser instaladas nessas hospedarias que, com pequenas reformas e mudanças, transformaram-se em espaços de ensino e moradia para estudantes e mestres que aí viviam sob a direção de um principal. Começavam aí grandes transformações na pedagogia e na configuração dos espaços e tempos de ensino. A reunião de muitos estudantes e mestres num mesmo local passou a exigir, necessariamente, novas regras de disciplina, de conduta e de aprendizagem. Os espaços de ensino tiveram de ser reorganizados de forma a atender, mais eficientemente, a essa nova realidade; porém, eram espaços adaptados por meio de reformas ou de pequenas ampliações que, geralmente, resultavam em construções de uma certa precariedade. Os prédios onde funcionavam os colégios no século XIII compreendiam alguns quartos e uma capela.
A modesta origem das escolas medievais contrasta com sua evolução posterior e já no final da Idade Média elas se transformaram. Um traço marcante dessa transformação foi sua aproximação a um modelo proposto pela classe dirigente, a nobreza, que redundou na aristocratização crescente das universidades, como nos explica Jacques Verger. Uma característica marcante dessa aristocratização foi a segregação dos estudantes pobres nos cursos curtos, não ultrapassando a Faculdade de Artes. Pobres eram aqueles estudantes que não podiam arcar com os custos dos cursos e, menos ainda, com o das suntuosas festas que os novos doutores eram obrigados a oferecer a toda a comunidade universitária e a convidados de grande distinção. Estes estudantes poderiam obter, depois, apenas cargos subalternos, magros benefícios, empregos mal pagos como preceptor ou mestre-escola (VERGER, 1990, p. 143). Outros traços marcantes dessa aristocratização foram o gosto pelo luxo e pela ostentação no vestuário, nas cerimônias universitárias, nos divertimentos dispendiosos e, naquilo que nos interessa mais de perto, nos prédios das universidades e, conseqüentemente, nas atividades pedagógicas.
Atualmente a educação que vivenciamos tem muito do pensamento mecanicista, o retalhamento do ser, o aprendizado como gavetas nas grades curriculares, o retalhamento do saber, é preciso saber fazer. Infelizmente a escola atual ainda reproduz e mantem muito desta estrutura de sociedade que reflete na pedagogia ainda tradicionalista que valoriza as aptidões inatas e defende a transmissão e acumulação do conhecimento e também tendências tecnicistas que entendem o homem como uma tabula rasa, na qual o comportamento pode ser instalado e o conhecimento é visto como instrução programada com objetivo funcional e utilitário.
A docência como prática educativa organiza, desenvolve, avalia. Na prática escolar temos o ensino que acontece na sala de aula e a gestão da escola como um todo. Qualquer função escolar é educativa, assim não têm mais sentido as concepções tradicionais de especialidades. A docência é uma prática educativa, mas nem toda prática educativa é docência, por ex. relações familiares. Na pedagogia, há que ter algo que defina essa prática, para não perder nosso papel.

kelser disse...

Por: Sérgio Guedes de Ooliveira

"A imposição da igreja católica e da indústria"

A igreja católica impôs suas verdades, como sendo absoluta, perfeita, indiscutível e sem contestação. Todos que discordavam na Idade Média recebiam punições severas.
Na industrialização, nos idos de 1930 , as industrias usavam os seus operários como robôs, que realizavam sempre o mesmo serviço, sem o poder de opinião e contestação, impondo suas verdades tal qual a igreja católica.Esta arbitrariedade da igreja católica fica evidenciada no filme O Nome da Rosa, no qual a biblioteca do mosteiro guardava obras ditas pagãs, isto é, publicações que discordavam do pensamento da igreja. As principais publicações eram textos de Aristóteles que continham saberes filosóficos e científicos, que poderia na época ameaçar a doutrina cristã.
O filme retrata os séculos XII ao XIV onde temos o surgimento da escolástica que literalmente significa ‘ o saber da escola , isto é, um saber que se estrutura de teses básicas e de um método básico que é compartilhado pelos principais pensadores da época. No filme o Nome da Rosa ficou evidenciado que o conhecimento era acessível a uma minoria, porém a grande maioria não tinham acesso a estes conhecimentos e quem desobedesse era morto.
No filme Tempos Modernos, na década de 30, com o começo da industrialização as pessoas tornaram-se seres mecânicos, executando movimentos repetitivos e fragmentando a mão de obra, sendo que, nesta época os operários não tinham acesso a instrução.Ainda hoje, as industrias priorizam a contratação e a escolarização de indivíduos que tenham conhecimento específicos na área que elas atuam em detrimento ao conhecimento abrangente que forma cidadãos contestadores, capazes de transformar a sociedade. A interação dos dois filmes ficou evidenciado pela imposição de conhecimentos restritos sem reflexão . Isto se reflete muito ainda hoje na escola, através da divisão de trabalho, de conteúdos e de disciplinas, da ação sem reflexão, repetitiva, e, muitas vezes, sem função. O professor impondo seus conhecimentos , sem valorizar o conhecimento do aluno. A educação tem papel fundamental neste processo como formadora de cidadãos conscientes e capazes de modificar a realidade.A escola com suas dificuldades, deve buscar, a formação destes cidadãos.